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08/12/2021O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou, na última semana, por unanimidade, a retirada dos dados pessoais de um ex-candidato a vereador do Sistema DivulgaCandContas, banco de dados da própria Corte que contém informações sobre todos os postulantes a cargos no Legislativo e no Executivo.
Luciano Reginaldo Fulco, candidato eleito suplente de vereador pelo município de Guarulhos (SP) nas eleições de 2020, alegou ter sofrido ameaças.
O colegiado acompanhou o voto do relator, ministro Edson Fachin, que acatou o pedido do suplente. O presidente da Corte Eleitoral, ministro Luís Roberto Barroso, sugeriu que o assunto seja retomado em fevereiro do ano que vem, a partir da ampliação da composição de um grupo de trabalho.
O caso pode ser comparado ao direito ao esquecimento. Em fevereiro deste ano, o Supremo Tribunal Federal reconheceu que é incompatível com a Constituição a ideia de um direito ao esquecimento, assim entendido como um poder de obstar, em razão da passagem do tempo, a divulgação de fatos ou dados verídicos e licitamente obtidos e publicados em meios de comunicação social analógicos ou digitais.
Especialistas ouvidos por O Antagonista dividem opiniões sobre o assunto da retirada de dados. O advogado Luiz Eduardo Peccinin, membro da ABRADEP, explicou que o TSE ainda está discutindo formas de adequar a publicidade que deve envolver as candidaturas com informações pessoais. Para ele, a regra deve ser a publicidade sobre as informações de candidatos e partidos políticos.
“Há um interesse da sociedade nesse sentido, já que há dados importantes ali que servem de subsídio para várias pesquisas e estudos sobre as eleições. A privacidade é a exceção, deve ser resguardada para casos específicos e devidamente justificados”, disse.
Para Samara Castro, especialista em Lei Geral de Proteção de Dados e membro da ABRADEP, a situação é excepcional porque a jurisprudência do tribunal diz que pode haver a retirada de dados de candidatos que não foram diplomados. “O caso específico faz sentido porque é uma questão de risco à pessoa. O que me preocupa com dados públicos é menos da pessoa ser eleita e mais de quais serão os dados. Os dados de recursos públicos têm de estar públicos. Não dá pra tirar tudo do ar. O que deve ser criado é um critério de risco em relação ao tipo de dado disponível publicamente, e é nisso que o TSE tem se esforçado”, disse.