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Para acalmar insatisfações na base aliada e angariar apoio para as eleições de 2022, o governador João Doria (PSDB) avalia ceder espaço no primeiro escalão do Governo de São Paulo ao MDB e trocar o atual secretário de Agricultura e Abastecimento, Gustavo Junqueira, que é da cota pessoal do governador.
A indicação atenderia à bancada do MDB na Assembleia Legislativa, e a tendência é que o líder Itamar Borges seja o escolhido. A situação, embora aproxime os emedebistas ao projeto de Doria, é vista com ressalvas porque o deputado é condenado criminalmente em segunda instância por desvios de verbas da educação.
Em nota, o Governo de São Paulo afirmou que “Gustavo Junqueira segue como secretário de Agricultura e qualquer insinuação sobre sua saída não passa de mera especulação”.
Itamar é ex-prefeito de Santa Fé do Sul, cidade próxima às divisas com Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, e influente na região. No ano passado, o TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) aplicou a ele pena de cinco anos e três meses por crime de responsabilidade em licitação fraudulenta. A acusação diz que ele participou de um esquema que desviou em 1996, em valores atualizados, R$ 2 milhões de verbas federais da educação. Ele nega ter cometido irregularidades e recorre da decisão.
Especialistas consultados pela reportagem, contudo, veem diferença na situação de Itamar Borges.
“Ele é inelegível, mas não significa que ele teve suspensão de direitos políticos. Isso teria que ocorrer em uma ação de improbidade transitada em julgado”, diz o advogado Walber Agra, professor de direito e membro da ABRADEP (Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político). “Não há óbice legal para ele exercer o cargo de secretário. Pode haver óbice moral, não legal.”