Não existe democracia no mundo com militares na fiscalização das eleições
25/07/2022Candidatos podem ser alvo de processos por atos cometidos antes do registro da chapa presidencial
25/07/2022Empresa pública foi criada para obras de irrigação na bacia do São Francisco, mas teve atuação e orçamento expandidos. PF e CGU apuram possível corrupção nos contratos da companhia.
Alvo de investigação da Polícia Federal, a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), tem alcance e atuação cada vez maiores e é uma das empresas públicas mais cobiçadas por políticos.
Com um orçamento de R$ 2,7 bilhões para este ano, a estatal tem como atribuições:
- desenvolvimento de bacias hidrográficas e de projetos de irrigação;
- implementação de ações e instalações para saneamento básico;
- realização de obras de pavimentação;
- construção de pontes;
- entrega de máquinas e equipamentos, como motoniveladoras e escavadeiras.
Essa lista é maior que a prevista no projeto inicial da companhia. A Codevasf foi criada para atuar especificamente nos projetos de irrigação e segurança hídrica da região do entorno do Rio São Francisco (leia mais abaixo).
Dados da ONG Contas Abertas enviados ao g1 indicam que o governo Jair Bolsonaro autorizou, no acumulado desde 2019, um orçamento total de quase R$ 9 bilhões para a Codevasf.
Desse valor, mais de R$ 7 bilhões foram empenhados (geraram expectativa de pagamento) e quase R$ 5 bilhões foram efetivamente pagos.
Obras ‘na ponta’
As obras são consideradas importantes porque chegam “na ponta” dos redutos políticos e fortalecem as bases de deputados e senadores – que costumam acompanhar a entrega de maquinários, por exemplo, e se tornar “padrinhos” de determinado projeto.
“A Codevasf entrou no radar dos políticos exatamente por atuar com um setor estratégico em relação aos governos: construir obras. Uma obra é muito capitalizada politicamente, explorada principalmente por quem faz a entrega do serviço à população”, afirma Tiago Valenciano, cientista político e membro da Associação Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep).
“Facilitando licitações, certamente há interesses políticos para a realização destas obras, sobretudo em período pré-eleitoral e eleitoral”, acrescenta.