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14/08/2023A nova informação que pode levar Bolsonaro à prisão pelo mesmo motivo que Silvinei Vasques
Dados do GSI sobre agenda de Bolsonaro no dia 30 de outubro de 2022 têm potencial de colocar o ex-presidente no centro da trama que motivou a investigação contra o ex-diretor da PRF
Por Ivan Longo
A prisão do ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, nesta quarta-feira (9), foi deflagrada no âmbito de uma investigação que, a depender de seus desdobramentos, tem potencial para também levar à cadeia o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Vasques é investigado por interferência no segundo turno das eleições de 2022. Isso porque, em 30 de outubro de 2022, dia do segundo turno das eleições, a PRF realizou bloqueios de “fiscalização”, principalmente em cidades do Nordeste, que teriam por objetivo impedir que eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegassem aos locais de votação.
Dados do Ministério da Justiça apontam que ocorreram muito mais bloqueios da PRF no Nordeste que em qualquer outra região do país, e que tal operação teria sido deflagrada a partir de um estudo sobre os locais em que Lula teve mais votos no primeiro turno.
Informações do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) divulgadas nesta quarta-feira pelo portal UOL mostram que Jair Bolsonaro pode estar diretamente envolvido na trama golpista liderada por Silvinei Vasques. Segundo o órgão, naquele dia 30 de outubro, a poucas horas para o fechamento das urnas e momentos após as operações de bloqueio da PRF, o ex-diretor da PRF se reuniu com o ex-presidente no Palácio da Alvorada, em Brasília.
De acordo com o GSI, Vasques chegou à residência do então presidente às 16h31, acompanhado do então ministro da Justiça, que chegou a ser preso por conivência e omissão com os atos golpistas de 8 de janeiro, Anderson Torres. Cabe lembrar que a PRF é uma instituição subordinada ao Ministério da Justiça.
Vasques e Torres permaneceram no Alvorada com Bolsonaro naquele dia 30 de outubro até 17h30. Apesar do conteúdo da reunião entre o ex-diretor da PRF e ex-ministro com o ex-presidente não ter sido ainda revelado, a PF segue com as investigações sobre interferência no segundo turno das eleições e, caso se confirme que o tema foi tratado com Bolsonaro na ocasião, o ex-mandatário pode ter o mesmo destino que seus ex-subordinados: a cadeia.
Silvinei Vasques em discurso no Palácio do Planalto. Ao fundo, o então presidente Jair Bolsonaro e ministros (Foto: Clauber Cleber Cetano/PR)
À Fórum, o advogado criminalista Adriano Alves, membro da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Política (ABRADEP), afirmou que a prisão de Silvinei Vasques era “inevitável”.
“A prisão era inevitável, tendo em vista o conjunto das evidências juntadas nos autos e por fatos notórios que levam ao possível envolvimento do investigado com crimes políticos”, avalia.
Com relação a Jair Bolsonaro, o advogado não descarta que o ex-presidente também possa ser alvo de um pedido de prisão preventiva, a depender do avanço das investigações.
“Em que pese a repercussão que possa ter essa afirmação, no rigor da Lei e do Estado Democrático de Direito, todos os envolvidos e condenados nos crimes eleitorais ou políticos, podem ter a condenação em regime fechado, até mesmo o ex-presidente Jair Bolsonaro”, pontua Adriano Alves.
O advogado diz, ainda, que a investigação que pesa contra Silvinei Vasques pode ser unida ao inquérito que apura os atos golpistas de 8 de janeiro – pelo qual Bolsonaro, inclusive, é investigado como suposto autor intelectual.
“Precisamos lembrar que os crimes políticos, onde se encaixam os atos golpistas, preveem penas mais elevadas. Qualquer prova produzida neste inquérito pode ser usada para fundamentar eventual investigação em outros procedimentos ou processos judiciais”, explica.
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